sábado, 12 de março de 2011

{des}Amor


Cyberneticamente todo mundo se ama pra sempre, a vida inteira, demais. E o melhor – a rapidez com que esse amor nasce chega a comover (escrevo com um lenço em mãos). Não que eu ache que o amor é algo que surja indubitavelmente com lentidão e certo gasto. Não, não é isso. Eu falo do “você é a razão pela qual vivo” três dias pós início de namoro. Primeiro de tudo: você, como ser humano, precisa de apenas três coisas pra viver – comer, respirar e excretar. Todo o resto é facultativo, já dizia Sheldon Cooper.

Além do mais, convenhamos, não tem nada tão pilhérico quanto perfil duplo no Orkut. Minto, tem sim: dois perfis duplos – João e Maria (foto de João e Maria); Maria e João (foto de João e Maria). Como se já não fosse uma idiotice ter de mostrar pro mundo virtual sua repentina-louca-eterna-paixão, pronto, danou-se, é o fim da individualidade.

Acho que, cada vez mais, as pessoas têm sentido uma necessidade meio gritante de mostrar pro mundo que se é amado, numa tentativa um tanto fátua de se convencer do mesmo. Então, da mesma forma súbita que esses amores eternos começam, terminam três meses após, deixando espaço para que uma nova razão-da-minha-vida surja.

Meus pais são casados há 20 anos, acordam juntos, trabalham juntos, dormem juntos, passam as folgas juntos, pintam a casa juntos.... Em nome de tantos outros casais como eles, vamo lá gente, parar de banalizar esse tal de amor. Que seja de dentro pra fora. Que seja.

Vanessa Daiany.

Um comentário:

qualé?