quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Arapiraca, saudades.

Eu cresci em Ará. Interior de Alagoas. Aqui em Maceió eu moro a uns dois anos, por conta da faculdade. Mas é pra lá que eu corro, sempre que dá.

Foi em Ará que eu vivi a minha fase de construção de valores e concepções, sabe? Estive pensando sobre isso ultimamente. Sobre quem eu seria se não tivesse sido influenciada por certas pessoas. Eu conheci Marx, por exemplo, através de uma professora de história, integrante do MST, quando eu tinha só uns onze anos. Não sou muito boa com nomes, mas acho que o dela é Ana Maria, não me recordo ao certo. Foi nessa mesma época que, através de uma professora de geografia, que lecionava também no mesmo colégio, eu conheci Josué de Castro e a geografia da fome. Cheguei a participar de um concurso nacional de redação, na minha categoria, de ensino fundamental, sobre sua vida e obra.

Outro dia eu encontrei, num supermercado, outra figura, professora da minha quarta série, e, engraçado, ela me reconheceu de longe, conversamos. Uma das primeiras coisas que ela me relembrou foi o quanto, desde pequenininha, eu adorava a matemática e as ciências. Fiquei pensando se foi daí que surgiu minha aptidão por ciências exatas.

Depois vieram minhas influências de rua mesmo. As pessoas que eu conheci por acaso. Outras por atraso. E daí pra filosofia de Nietzsche, pra boemia bukowskiniana, para o libertarianismo político/eeconômico, dentre outras coisas, foi só um pulo...

Hoje eu fico vendo toda essa movimentação cultural aqui pelo Arapiraca.al.gov, como o Sarau de retalhos, que acontecerá dia 24; e outras tantas coisas que eu não pude acompanhar, como o festival de repente, o cine inverno – e agora cine primavera - , etc... Bate aquela saudade, sabe?

Do frio, da noite, da poesia. Arapiraca é inspiradora, incontestavelmente.

Vanessa Daiany.

sábado, 10 de setembro de 2011

Todo sobre mi madre

Eu não entendo muito de cinema. Aliás, eu não entendo praticamente nada do que eu falo aqui. Eu sei das coisas que eu gosto e das que eu não gosto e isso não tem nenhuma implicação técnica. Se fosse pra ter uma implicação técnica, eu estaria escrevendo sobre resina de troca iônica e catálise heterogênea, o que não é o caso.

Bom, eu gosto de filme. E eu gosto de drama. E hoje pela manhã, lembrei de um filme do Almodóvar, que eu assisti há uns bons tempos. Todo sobre mi madre. No filme, a Penélope Cruz interpreta uma freira (Penélope Cruz em filme de Almodóvar é meio Johnny Dep em filme de Tim Burton) que engravida de um travesti e é contaminada pelo vírus HIV. E o resto só assistindo, óbvio.

É uma boa pedida pra quem quer passar o sábado no sofá, comendo pizza.

Daiany, vanessa.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sou ALAGOANA.

Eu sou BRASILEIRA. E mais, eu sou NORDESTINA. E mais ainda, eu sou ALAGOANA. Maiusculamente Alagoana. E do interior. Cresci no Estado com os piores indicadores socioeconômicos, num país de indicadores socioeconômicos nada invejáveis. Cresci no Estado que foi e continua sendo um latifúndio monocultor voltado pra exportação, com direito a trabalho escravo/servil e todo o mais.

Mas foi também na terra de Zumbi, que eu nasci. Na terra de Graciliano, de Hermeto Paschoal, de Cacá Diegues, Jorge de Lima, Aurélio Buarque...

E eu duvido muito que meu pai vá me trancar no porão e me estuprar por cerca de vinte anos. Ou que um vizinho se entupa de explosivo e estoure aqui, no meio da quadra de futebol. Ou que alguém deprede o apartamento aqui de cima, por ele pertencer a duas angolanas.

Não que inexista intolerância, mas, apesar dos pesares, eu ainda acho que nós somos um povo mentalmente saldável.

Vanessa Daiany.