sábado, 31 de março de 2012

Liberdade (???) de expressão

...Eu já disse isso antes, mas volto a afirmar que nós criamos um invólucro cybernético para proteger nossa "liberdade de expressão". É exatamente o que eu tô fazendo agora, aqui no blog... (certo, certo, com gostinho de metalinguagem e tudo...)
Aqui, no nosso mudinho virtual construído com tanto zelo, nós arquitetamos, disseminamos e assimilamos estereótipos, da mesma forma que destruímos e abnegamos tantos outros - talvez com menor intensidade, mas não deixa de acontecer.
A tal da "liberdade de expressão" trouxe consigo, porém, alguns inconvenientes. Primeiro porque, ao menos em mim, existe aquele certo repúdio, enrustido, às coisas que não condizem com própria opinião. Lembro de há um tempo, não muito, atrás, passeando pelo twitter, ter o desprazer de visualizar o perfil super preconceituoso de uma sulista que insultava nordestinos. Eu, Alagoana, com muito prazer, obrigada, quase vomitei um filho de tanta raiva da cidadã. Não obstante, ainda deixei algumas mensagens a repreendendo - sendo que na minha cabeça eu já tinha dado 3 tiros em seu crânio, pra saber se dentro dele tinha um cérebro.
Depois, repensando a situação, alguns questionamentos surgiram, sabe? A conta do twitter pertencia a guria, logo ela deveria, em tese, ter liberdade pra se expressar da forma como quisesse, sobre as coisas que ela imagina serem certas, mesmo que eu discorde piamente. E ela, dentro da sua liberdade de falar, infringiu, de certa maneira, meu espaço. Então eu fiz o mesmo: Invadi o espaço dela para repreendê-la por uma opinião que a pertencia.
Sentiu, cara? Nós simplesmente não sabemos o que fazer com a tão sonhada liberdade de expressão. Talvez porque, antes de liberdade, nós devêssemos aprender o significado de respeito e igualdade. Para mim, não existe nenhum tipo sadio de liberdade, sem que se saiba respeitar a liberdade do outro, o espaço do outro. E isso a gente ainda não sabe fazer.
Nós construímos uma rede que nos interliga em tempo real, aonde quer que estejamos, mas ainda não aprendemos que a cor da minha pele, ou a minha naturalidade não definem meu caráter, nem, tampouco, me fazem melhor - ou pior - que você. É natural que eu me sinta agredida ao ser descriminada e que, em defesa, eu também agrida. E, ao ter meu espaço invadido, em defesa, eu também invada o seu. E isso põe mesmo em dúvida o quão nós podemos ou não ser livres para defender nossas opiniões...
É que nós vivemos um enorme problema de construção de valores, de formação psico social, que parece não ter solução...

Vanessa Daiany.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Sexo Forte

Minha casa nunca foi, propriamente, um lar patriarcal. Muito pelo contrário, tenho lembranças de minha mãe dirigindo um meio caminhão, quando eu era criança. As contas, bem como as atividades domésticas, são divididas igualmente e, talvez por isso, eu nunca tenha entendido direito qualquer relação de superioridade masculina.
Acho que, cada vez mais, nós estamos conquistando os espaços que sempre nos foram de direito (Graça Foster que o diga)...
Hoje eu espero que essa busca por direitos iguais não seja uma coisa unilateral. Deveres iguais também, gente.
Vamo lá, pagar a conta, aprender a diferença entre um resistor e um capacitor, subir na escada pra consertar o chuveiro e aprender a não exigir flores no dia da mulher, porque nem sequer existe um dia do homem.
A sociedade vai deixar de ser machista quando nós nos colocarmos numa posição de igualdade, sem precisar de “dia da mulher” para salientar nossa importância. E só quem já usou o depilador da Phillips sabe qual é o verdadeiro sexo forte...

Vanessa Daiany