terça-feira, 15 de novembro de 2011

Poetizando.

Eu gosto de parar para observar, sabe? Sentar no ponto de ônibus e sentir o barulho das buzinas, das pessoas gritando, do sinal abrindo e fechando, desse lá-e-cá da faixa de pedestres.
Dos acenos, eu gosto de observar os acenos seguidos de pés apressados e mãos tateando um espaço, naquele amontoado de corpos, também procurando um espaço, quem sabe não somente um espaço físico...
E dos cabelos brancos, reunidos na pracinha, com um dominó sobre a mesa de cimento. Eu gosto da sabedoria dos cabelos brancos, e até da impavidez de quem já viveu muito. Muitos, talvez, nem tenham vivido tanto assim, apenas existido muito. Particularmente, gosto dos que viveram muito. Dos que têm estórias de guerras, sejam elas interiores ou não.
Apesar de não odiar os comunistas, gosto de quem diz que odeia comunistas, como meu avô, que viveu sob a máxima: “comunista come criancinha”. Na verdade, mal sabe ele, esses aí são os padres. 
Não acredito em deus, mas eu gosto de observar as pessoas ajoelhadas na igreja, cada uma com seu dilema interior, tentando entregar suas dores, e o que consideram seus pecados, a um ser superior inanimado. Eu gosto de quem tem fé. Não essa fé cega, que considera qualquer outro tipo de crença, uma crença inferior. Mas a fé inocente e doce da minha irmã, que acredita que se rezar para santa Clara, ela faz a chuva parar de cair. 
Eu gosto de parar um pouco, pra ver a vida passar. Depois eu corro ofegante, pra tentar acompanha-la, enquanto meu pulmão diz: - por favor, nunca fume.

Vanessa Daiany

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qualé?