segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Desabafo


Olha, vou dizer uma coisa, eu tenho praticamente vinte anos, escrevo assim, por extenso, vinte anos, duas décadas. Meu avô materno escutava Cartola. Ponto. É só isso que eu tenho pra dizer. Eu gosto é de Cartola. Eu não acredito em Deus, meu livro de cabeceira é uma auto-biografia de Glauber Rocha. Eu nem sei se auto-biografia tem hífen, e não quero saber, porque eu não sei escrever e não tenho a mínima vontade de aprender. Eu gosto é de Astronomia. E, ao contrário do que muita gente pensa, não me considero niilista, nem marxista, nem comportamentalista, nem nenhum desses istas que usam pra definir o indefinível.

Eu gosto disso, gosto de puxar aquele “Esconderijos do Tempo” do Quintana da minha prateleira, de madrugada, pra ler “seiscentos e sessenta e seis”.

O que eu não gosto, o que não me desse à garganta, é essa geração, que é a minha geração, praticamente, colorida, querendo implantar a pseudo revolução dos coraçõezinhos partidos. A geração que lota as prateleiras nas livrarias com um monte de livros de estórinhas chulas de vampirinhos modernos. Que conhece duas frases de Clarice Lispector. E que ouve porcaria. E que se dane se eu ando sendo moralista e preconceituosa, mesmo dizendo que eu detesto moralismo e preconceito.

Meu avô materno ainda escuta Cartola. E eu tenho vinte anos. E eu ando lendo Hemingway, então não me peçam pra ser complacente, de jeito nenhum....

Vanessa Daiany.

2 comentários:

  1. Tu escreve bem, guria... especialmente quando tá com raiva. XD

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  2. Bom saber, vou me enraivecer mais vezes. Voadoras líricas de dois pés!!

    Obrigada xD
    Beijo,argentino ;*

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