sexta-feira, 8 de abril de 2011

Desmistificando Maquiavel!


Então, depois de três semanas regadas a muito café, energético e comida enlatada, eu, finalmente, arranjei um tempinho pra vir aqui.

Hoje, há pouco, no ônibus pra casa, ouvi, meio que de relance (JURO), a conversa entre duas senhoras. Uma delas se referia a um assassino como um perverso MAQUIAVÉLICO, assim mesmo, com essas palavras.

Penso na minha versão bolso da l&pm pocket meio surradinha de “ O príncipe” e fico me perguntando o porquê dessa associação Maquiavel-perversidade.

Primeiro eu quero dar um doce pra quem me apontar em O príncipe, a célebre frase: “os fins justificam os meios”. Quem, assim como eu, já leu o livro mais de uma vez, sabe exatamente que o italiano nunca a elucidou.

É importante analisar o contexto histórico em que a Itália se encontrava quando a obra foi escrita, por volta de 1500 e pouquinho (estudante de engenharia falando de história é uma merda mesmo.), a idade-média-dark-inside tinha por fim terminado e a onda renascentista-racionalista-cientificista quebrava o dogmatismo religioso. Dividida em ducados e principados, a Itália sofria com invasões de estados já muito bem constituídos e consolidados, então se via uma necessidade meio que gritante de se centralizar o governo.

Para Maquiavel, chegar à centralização, passaria, sobretudo, por uma ruptura entre política e ética.......(muitos três pontos), e Mais: por uma separação definitiva entre estado e os valores moralistas cristãos. O que é, para mim, uma maneira lógica e racional de lidar com a política.

A estratégica política maquiavélica visava, em primeira instância, um governo consolidado, mas que fosse apoiado pela massa, pelo povo. Acho que o autor só é visto dessa maneira tão pejorativa por ter retratado a realidade política como ela é, e não como nós gostaríamos que ela fosse.

Dona moça do ônibus, perversidade e crueldade não são sinônimas de maquiavelismo.

Vambora acabar com esse mito, não é mesmo?

Vanessa Daiany.

3 comentários:

  1. Adorei!!! Sempre vi este termo e não entendia como esse povo fez essa conexão! ahahahha!

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  2. Deixa eu te dizer:

    1. eu tô com o teu exemplar de O Príncipe da Martin Claret.

    2. O príncipe, Maquiavel, Ed. Martin Claret, 2a edição, Cap. XVIII, Página 111: "Na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justificam os meios".

    Consultando alguns colegas, descobri que a presença ou ausência da frase é mera questão de tradução - e, de fato, o sentido da frase está implícito em todo o livro. :p

    Mas o texto está de parabéns, Maquiavel não foi realmente "maquiavélico". À propósito, conheces a verdadeira origem do termo e o motivo real de ele estar associado à Maquiavel? (estudar isso é uma graça, viss... kkkk)

    Obs: eu juro que devolvo teu livro em breve :X

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  3. Devolva não minha edição da Claret, não. -.-'

    Essa edição da Claret, que você não quer mais me devolver, kkk, vem comentada por Bonaparte, e, de fato, é mesmo uma questão de tradução. Nesse caso a edição é bem nova, e, em alguns aspectos, um tanto resumida, se comparada a edições mais antigas.
    Quanto ao motivo da associação, em tenho sim ideia do verdadeiro motivo, mas não sou uma expert. Agora essa galera que faz direito, bom...
    kkkkkkk
    Vamo sentar pra discutir isso uma dia desses, né? Quando vc tiver reais intenções de devolver meu livro! kkkkkkkk

    Vc é um queridíssimo, Rique.

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qualé?