terça-feira, 31 de maio de 2011

Passa o dinheiro.


Acabei de receber um telefonema. Meus pais são comerciantes, trabalham juntos pelo interior de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, de segunda a sábado, às vezes no domingo. Inclusive há pouco, quando dois caras armados pararam ao lado do carro, apontaram revolveres para as cabeças dos dois e roubaram dinheiro, celulares e mercadoria.

Não preciso falar que a violência, principalmente em Alagoas, têm se alastrado como um câncer. Nós somos o estado com os piores indicadores sociais. Das nossas 900 e tantas mil famílias, cerca de 800 mil recebem dinheiro ou da previdência, ou do bolsa família. Isso é 88,8% da população!

Salários ínfimos, falta de acesso à educação de qualidade, à segurança, a uma moradia descente e a todos os direitos que fazem de você um cidadão: esse é o quadro que compõe a realidade da maior parte da nossa população.

Nós ainda somos um latifúndio monocultor, voltado pra exportação. Com concentração de renda, trabalho escravo ou servil e todo o mais.

Não me admira nenhum pouco que um estado, sem educação e sem fonte de renda, com uma grande parte da sociedade beirando a miséria, seja também o mais violento do país.

E é ilusão achar que a solução é aumentar o policiamento, abrir concurso público pra polícia civil/militar/federal, o escambal, porque essa é uma atitude imediatista. O problema da violência aqui no estado só será sanado quando houver políticas públicas voltadas para uma educação básica de qualidade; quando nós conseguirmos sair desse modelo econômico sucro-alcooleiro que paga 5 reais a um bóia-fria por cada tonelada de cana cortada...

Enquanto isso, muitos outros casais que trabalham mais de 10 horas por dia, para garantir o sustento de suas famílias, terão armas apontadas para as suas cabeças e ouvirão a tal frase: “ passa o dinheiro, filha-da-puta”.

Vanessa Daiany.

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