Eu sou BRASILEIRA. E mais, eu sou NORDESTINA. E mais ainda, eu sou ALAGOANA. Maiusculamente Alagoana. E do interior. Cresci no Estado com os piores indicadores socioeconômicos, num país de indicadores socioeconômicos nada invejáveis. Cresci no Estado que foi e continua sendo um latifúndio monocultor voltado pra exportação, com direito a trabalho escravo/servil e todo o mais.
Mas foi também na terra de Zumbi, que eu nasci. Na terra de Graciliano, de Hermeto Paschoal, de Cacá Diegues, Jorge de Lima, Aurélio Buarque...
E eu duvido muito que meu pai vá me trancar no porão e me estuprar por cerca de vinte anos. Ou que um vizinho se entupa de explosivo e estoure aqui, no meio da quadra de futebol. Ou que alguém deprede o apartamento aqui de cima, por ele pertencer a duas angolanas.
Não que inexista intolerância, mas, apesar dos pesares, eu ainda acho que nós somos um povo mentalmente saldável.
Vanessa Daiany.
Saudável *
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