Semana passada eu pensei em fazer um post sobre dona Taylor e aquele escândalo com a Fox....
Vou pensar em escrever alguma coisa sobre Restart e esperar os noticiários da semana que vem, prometo.
Cyberneticamente todo mundo se ama pra sempre, a vida inteira, demais. E o melhor – a rapidez com que esse amor nasce chega a comover (escrevo com um lenço em mãos). Não que eu ache que o amor é algo que surja indubitavelmente com lentidão e certo gasto. Não, não é isso. Eu falo do “você é a razão pela qual vivo” três dias pós início de namoro. Primeiro de tudo: você, como ser humano, precisa de apenas três coisas pra viver – comer, respirar e excretar. Todo o resto é facultativo, já dizia Sheldon Cooper.
Além do mais, convenhamos, não tem nada tão pilhérico quanto perfil duplo no Orkut. Minto, tem sim: dois perfis duplos – João e Maria (foto de João e Maria); Maria e João (foto de João e Maria). Como se já não fosse uma idiotice ter de mostrar pro mundo virtual sua repentina-louca-eterna-paixão, pronto, danou-se, é o fim da individualidade.
Acho que, cada vez mais, as pessoas têm sentido uma necessidade meio gritante de mostrar pro mundo que se é amado, numa tentativa um tanto fátua de se convencer do mesmo. Então, da mesma forma súbita que esses amores eternos começam, terminam três meses após, deixando espaço para que uma nova razão-da-minha-vida surja.
Meus pais são casados há 20 anos, acordam juntos, trabalham juntos, dormem juntos, passam as folgas juntos, pintam a casa juntos.... Em nome de tantos outros casais como eles, vamo lá gente, parar de banalizar esse tal de amor. Que seja de dentro pra fora. Que seja.
Vanessa Daiany.
Fluoxetina, mas podem chamar de Prozac. Um dos antidepressivos mais vendidos no mundo, tomado por cerca de 38 milhões de pessoas...
Somos zumbis drogados. Licita ou ilicitamente falando. O fato é que as grandes aglomerações, o furor das grandes cidades, o ritmo frenético da vida moderna, a praticidade propiciada por toda essa parafernália tecnológica da qual dispomos têm gerado uma sociedade cada dia mais deprimida.
De maneira geral, as relações interpessoais tornaram-se estáticas ao ponto de sites de relacionamentos abarrotarem de perfis: converse da sala, com sua amiga de apartamento que se encontra no quarto ao lado, pelo orkut. (não que eu já tenha feito isso, imagina.).
Agora bata no liquidificador: o caos da vida moderna, a robotização das relações, a tv aberta brasileira e as rádios tocando restart. É uma linha tênue para o suicídio.
Dentre outras coisas, a influência colérica da mídia e, consequentemente, a disseminação de seus estereótipos, massificaram o pensamento humano. Esses novos cânones de beleza e comportamento geraram uma apartheid entre as pessoas que compactuam com os mesmos e as que não: daí escovas de dentes se transformaram em indutoras de vômitos, na busca pelo corpinho magrinho de Gisele Bundchen...
Eu, que preciso de remédio pra conseguir dormir, sou apenas reflexo de uma sociedade inteira carente de vida.
O que se vê são cadáveres andantes, por toda parte.
Vanessa Daiany.
Depois das embalagens “abre fácil” em potes de azeitonas, nós, mulheres, fazemos tudo o que vocês, homens, fazem – e de salto alto. Inclusive trocar pneu e verificar o carburador! E, um adendo, nós mijamos sem respingar no banheiro inteiro!
Então, um salve às gordinhas (aquela gordurinha pulando do biquíni é só charme), às magrinhas (Né?), outro salve às bem magrinhas (só pra enfatizar, ok?), às peitudas e bundudas, às desprovidas (tudo bem, vou parar de puxar pro meu lado), às inteligentes, às não muito (beijo Carla Perez), às pretas, brancas, amarelas, azuis...
À Marie Curie – Nobel da Química e Nobel da Física.
À Frida Khalo – De um encantamento vermelho fogo.
À Clarice Lispector – Porque, num dicionário ilustrado, intensidade teria sua foto.
À Natalie Portman – A-T-U-A-R.
À minha Mãe, lindona, parto normal, eu com 4kg e um bocado....
MULHER, MULHER, MULHER, do verbo Amar.
Vanessa Daiany.
A primeira música do Nirvana que me deixou enlouquecida, eu deveria ter uns 13 anos e, a essa época, me achava uma verdadeira contraventora do sistema e suas imposições, foi Love Buzz. É, Love Buzz, e não Come as you are ou Smells like teen spirit, como é costume.
Acho que eu já cresci gritando: “ can you feel my love buzz?”
Àquela época, e ainda hoje, o tal zumbido de amor, que não poderia ser sentido, não era uma amor direcionado especificamente a alguém, nunca foi. Era o meu amor reprimido ao que, muitas vezes, julgaram incompreensível.
Meu amor à física quântica de Bohr, e, ao mesmo tempo, à dramaturgia de Molière, a exemplo.
Disso eu sinto falta: do conhecimento pelo conhecimento, e tão somente pelo conhecimento. Não aquele conhecimento com fim exclusivamente lucrativo. Sinto falta do tal Love buzz...
Na faculdade, eu vejo pessoas fazendo engenharia pelo status da engenharia, e não porque a engenharia, como ciência, te fornece meios para facilitar a vida cotidiana...
A gente forma um bando de babacas de terno, o tempo inteiro... e isso não só assusta, como dói.
Can you feel my Love buzz?
Vanessa Daiany.