domingo, 6 de maio de 2012
Bolha
Lá fora, o atrito entre os pneus e o asfalto,
Buzinas, gritos, sons ligados,
céu azul celeste, sem nada de divino,
E os pássaros que insistem em cagar no parapeito da janela
do terceiro andar.
E o tempo ecoa - escoa, rodopia, foge,
Brinca, criança que é.
Já se passaram cinco horas,
Tudo aqui são folhas, livros, e mais folhas e mais livros,
cabelos desgrenhados, cheiro de café,
Já se passaram dois dias.
Você tem medo porque gosta,
gosta porque tem medo,
e vai construindo, aos pouquinhos, bem de manso,
uma bolha de pretensões, opiniões formadas, planos para o f-u-t-u-r-o,
Quando se vê, passaram-se três anos...
É tarde pra se libertar de si mesmo?
Nunca é tarde pra se libertar de si mesmo?
A campanhinha toca, então vai.
Vanessa Daiany.
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