Eu te vejo tão assim,
com todas essas cartas,
espalhadas pelas inúmeras mangas de todos os seus tentáculos.
É meio distante, às vezes,
como se tu fosses sagrado, intocável,
ouço-te como a um mantra,
pedestalizo-te como a um santo,
E sigo a descascar suas matizes,
uma a uma,
todos os dias,
na espera vã de encontrar uma cor que seja minha.
Vanessa Daiany.
A respeito, ou despeito, das coisas.
Sem papas...
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
Um bilhete pra chamar sua atenção.
Acabei de fritar dois hambúrgueres, um pouco de mostarda, restinho de coca cola do almoço, uma acidez danada, nego. Tem tanta coisa rolando por aqui, sabe? Demóstenes cassado , muitos paraísos fiscais, fogo na Espanha, estreia do "cavaleiro das trevas", chuvas torrenciais em Pequim, Marcelo Rubens Paiva preso num avião da Tam, e a gente vai seguindo com essa promessa apocalíptica pra 2012, que não chega.
Eu, no auge das minhas opiniões não formadas, em meio a tanto blablablá, não ando com ovos pra falar disso por aqui. Afinal, são tantos comentaristas e críticos facebookiniandos, tão ácidos quanto Carlos Lacerda e com a vasta sabedoria e discernimento de uma ameba...
A gente corta um pé e já virtualiza a dor, cybernetiza a dor, e todo o resto. É tanto, que se vocês arrumarem 500 curtir pro meu próximo status, já digo que volto a amar. Não me interprete mal, amor, o nome disso é democratização de sentimentos...
Sei lá, tu sabe? Traz aí um café, bixo, puxa aí uma cadeira, qualquer asneira respirante, pra gente não precisar trocar o óleo, robôs.
Vanessa Daiany.
domingo, 6 de maio de 2012
Bolha
Lá fora, o atrito entre os pneus e o asfalto,
Buzinas, gritos, sons ligados,
céu azul celeste, sem nada de divino,
E os pássaros que insistem em cagar no parapeito da janela
do terceiro andar.
E o tempo ecoa - escoa, rodopia, foge,
Brinca, criança que é.
Já se passaram cinco horas,
Tudo aqui são folhas, livros, e mais folhas e mais livros,
cabelos desgrenhados, cheiro de café,
Já se passaram dois dias.
Você tem medo porque gosta,
gosta porque tem medo,
e vai construindo, aos pouquinhos, bem de manso,
uma bolha de pretensões, opiniões formadas, planos para o f-u-t-u-r-o,
Quando se vê, passaram-se três anos...
É tarde pra se libertar de si mesmo?
Nunca é tarde pra se libertar de si mesmo?
A campanhinha toca, então vai.
Vanessa Daiany.
sábado, 31 de março de 2012
Liberdade (???) de expressão
...Eu já disse isso antes, mas volto a afirmar que nós criamos um invólucro cybernético para proteger nossa "liberdade de expressão". É exatamente o que eu tô fazendo agora, aqui no blog... (certo, certo, com gostinho de metalinguagem e tudo...)
Aqui, no nosso mudinho virtual construído com tanto zelo, nós arquitetamos, disseminamos e assimilamos estereótipos, da mesma forma que destruímos e abnegamos tantos outros - talvez com menor intensidade, mas não deixa de acontecer.
A tal da "liberdade de expressão" trouxe consigo, porém, alguns inconvenientes. Primeiro porque, ao menos em mim, existe aquele certo repúdio, enrustido, às coisas que não condizem com própria opinião. Lembro de há um tempo, não muito, atrás, passeando pelo twitter, ter o desprazer de visualizar o perfil super preconceituoso de uma sulista que insultava nordestinos. Eu, Alagoana, com muito prazer, obrigada, quase vomitei um filho de tanta raiva da cidadã. Não obstante, ainda deixei algumas mensagens a repreendendo - sendo que na minha cabeça eu já tinha dado 3 tiros em seu crânio, pra saber se dentro dele tinha um cérebro.
Depois, repensando a situação, alguns questionamentos surgiram, sabe? A conta do twitter pertencia a guria, logo ela deveria, em tese, ter liberdade pra se expressar da forma como quisesse, sobre as coisas que ela imagina serem certas, mesmo que eu discorde piamente. E ela, dentro da sua liberdade de falar, infringiu, de certa maneira, meu espaço. Então eu fiz o mesmo: Invadi o espaço dela para repreendê-la por uma opinião que a pertencia.
Sentiu, cara? Nós simplesmente não sabemos o que fazer com a tão sonhada liberdade de expressão. Talvez porque, antes de liberdade, nós devêssemos aprender o significado de respeito e igualdade. Para mim, não existe nenhum tipo sadio de liberdade, sem que se saiba respeitar a liberdade do outro, o espaço do outro. E isso a gente ainda não sabe fazer.
Nós construímos uma rede que nos interliga em tempo real, aonde quer que estejamos, mas ainda não aprendemos que a cor da minha pele, ou a minha naturalidade não definem meu caráter, nem, tampouco, me fazem melhor - ou pior - que você. É natural que eu me sinta agredida ao ser descriminada e que, em defesa, eu também agrida. E, ao ter meu espaço invadido, em defesa, eu também invada o seu. E isso põe mesmo em dúvida o quão nós podemos ou não ser livres para defender nossas opiniões...
É que nós vivemos um enorme problema de construção de valores, de formação psico social, que parece não ter solução...
Vanessa Daiany.
Aqui, no nosso mudinho virtual construído com tanto zelo, nós arquitetamos, disseminamos e assimilamos estereótipos, da mesma forma que destruímos e abnegamos tantos outros - talvez com menor intensidade, mas não deixa de acontecer.
A tal da "liberdade de expressão" trouxe consigo, porém, alguns inconvenientes. Primeiro porque, ao menos em mim, existe aquele certo repúdio, enrustido, às coisas que não condizem com própria opinião. Lembro de há um tempo, não muito, atrás, passeando pelo twitter, ter o desprazer de visualizar o perfil super preconceituoso de uma sulista que insultava nordestinos. Eu, Alagoana, com muito prazer, obrigada, quase vomitei um filho de tanta raiva da cidadã. Não obstante, ainda deixei algumas mensagens a repreendendo - sendo que na minha cabeça eu já tinha dado 3 tiros em seu crânio, pra saber se dentro dele tinha um cérebro.
Depois, repensando a situação, alguns questionamentos surgiram, sabe? A conta do twitter pertencia a guria, logo ela deveria, em tese, ter liberdade pra se expressar da forma como quisesse, sobre as coisas que ela imagina serem certas, mesmo que eu discorde piamente. E ela, dentro da sua liberdade de falar, infringiu, de certa maneira, meu espaço. Então eu fiz o mesmo: Invadi o espaço dela para repreendê-la por uma opinião que a pertencia.
Sentiu, cara? Nós simplesmente não sabemos o que fazer com a tão sonhada liberdade de expressão. Talvez porque, antes de liberdade, nós devêssemos aprender o significado de respeito e igualdade. Para mim, não existe nenhum tipo sadio de liberdade, sem que se saiba respeitar a liberdade do outro, o espaço do outro. E isso a gente ainda não sabe fazer.
Nós construímos uma rede que nos interliga em tempo real, aonde quer que estejamos, mas ainda não aprendemos que a cor da minha pele, ou a minha naturalidade não definem meu caráter, nem, tampouco, me fazem melhor - ou pior - que você. É natural que eu me sinta agredida ao ser descriminada e que, em defesa, eu também agrida. E, ao ter meu espaço invadido, em defesa, eu também invada o seu. E isso põe mesmo em dúvida o quão nós podemos ou não ser livres para defender nossas opiniões...
É que nós vivemos um enorme problema de construção de valores, de formação psico social, que parece não ter solução...
Vanessa Daiany.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Sexo Forte
Minha casa nunca foi, propriamente, um lar patriarcal. Muito pelo contrário, tenho lembranças de minha mãe dirigindo um meio caminhão, quando eu era criança. As contas, bem como as atividades domésticas, são divididas igualmente e, talvez por isso, eu nunca tenha entendido direito qualquer relação de superioridade masculina.
Acho que, cada vez mais, nós estamos conquistando os espaços que sempre nos foram de direito (Graça Foster que o diga)...
Hoje eu espero que essa busca por direitos iguais não seja uma coisa unilateral. Deveres iguais também, gente.
Vamo lá, pagar a conta, aprender a diferença entre um resistor e um capacitor, subir na escada pra consertar o chuveiro e aprender a não exigir flores no dia da mulher, porque nem sequer existe um dia do homem.
A sociedade vai deixar de ser machista quando nós nos colocarmos numa posição de igualdade, sem precisar de “dia da mulher” para salientar nossa importância. E só quem já usou o depilador da Phillips sabe qual é o verdadeiro sexo forte...
Vanessa Daiany
Acho que, cada vez mais, nós estamos conquistando os espaços que sempre nos foram de direito (Graça Foster que o diga)...
Hoje eu espero que essa busca por direitos iguais não seja uma coisa unilateral. Deveres iguais também, gente.
Vamo lá, pagar a conta, aprender a diferença entre um resistor e um capacitor, subir na escada pra consertar o chuveiro e aprender a não exigir flores no dia da mulher, porque nem sequer existe um dia do homem.
A sociedade vai deixar de ser machista quando nós nos colocarmos numa posição de igualdade, sem precisar de “dia da mulher” para salientar nossa importância. E só quem já usou o depilador da Phillips sabe qual é o verdadeiro sexo forte...
Vanessa Daiany
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Poeminha de fim de tarde
Deve passar,
Qualquer dia desses,
Como tudo que passa, quando não se espera que passe.
Devagarzinho, tateando os espaços entre um ou outro pensamento,
Quando se vê é só uma lembrança
Gostosa e limpa, daquelas que não doem.
Vanessa Daiany
Qualquer dia desses,
Como tudo que passa, quando não se espera que passe.
Devagarzinho, tateando os espaços entre um ou outro pensamento,
Quando se vê é só uma lembrança
Gostosa e limpa, daquelas que não doem.
Vanessa Daiany
sábado, 24 de dezembro de 2011
Duas palavras cordiais.
Acabei de ler a coluna Caos Ordenado, do Martín Langou. O texto da vez foi “ mais gentileza” e vale muito a pena conferir : http://www.punknet.com.br/nova/caos-ordenado-4-mais-gentileza-2012/
Tá tocando The Beach Boys e é noite de natal, eu sou atéia, detesto cavalheirismo e tenho calos nos dedos – das mãos e dos pés.
Eu não vivi, propriamente, em outras épocas, embora desejasse profundamente ter vivido. O que eu tenho de outras épocas são só impressões de quem as viveu, além de projeções que eu construí, através dos retalhos das impressões que as músicas e os filmes me transmitiram. Mas eu acho que é o suficiente pra eu concordar com Martín num ponto: “os tempos atuais escancaram uma verdadeira falta de cordialidade”.
Peguei um ônibus lotado, dia desses, num horário de pico, com direito a gritos e buzinas vindos de todas as direções, entrei e dei “boa noite” ao motorista. O tal do homem me olhou com uma cara de espera, como se me exigisse que eu exigisse algo dele, em troca do meu “boa noite”.
Então, hoje, noite de natal, eu vejo todo mundo tão amando o próximo como a si mesmo, sob a austeridade de um mandamento ...
Independente de convicções religiosas fatigadas, sejamos nós ateus, católicos, protestantes, budistas, não importa, o que eu tenho pra dizer é que falta, não só hoje, porque é natal, mas falta, cotidianamente, esse espírito de cordialidade para com o nosso próximo. Falta dar “Boa noite” pro cara do ônibus que, tanto quanto ou até mais que você, anda exaurido do caos da vida moderna.
Vambora parar de estatizar nossas relações, que a gente é, ou deveria ser, gente de carne e osso...
Vanessa Daiany.
Tá tocando The Beach Boys e é noite de natal, eu sou atéia, detesto cavalheirismo e tenho calos nos dedos – das mãos e dos pés.
Eu não vivi, propriamente, em outras épocas, embora desejasse profundamente ter vivido. O que eu tenho de outras épocas são só impressões de quem as viveu, além de projeções que eu construí, através dos retalhos das impressões que as músicas e os filmes me transmitiram. Mas eu acho que é o suficiente pra eu concordar com Martín num ponto: “os tempos atuais escancaram uma verdadeira falta de cordialidade”.
Peguei um ônibus lotado, dia desses, num horário de pico, com direito a gritos e buzinas vindos de todas as direções, entrei e dei “boa noite” ao motorista. O tal do homem me olhou com uma cara de espera, como se me exigisse que eu exigisse algo dele, em troca do meu “boa noite”.
Então, hoje, noite de natal, eu vejo todo mundo tão amando o próximo como a si mesmo, sob a austeridade de um mandamento ...
Independente de convicções religiosas fatigadas, sejamos nós ateus, católicos, protestantes, budistas, não importa, o que eu tenho pra dizer é que falta, não só hoje, porque é natal, mas falta, cotidianamente, esse espírito de cordialidade para com o nosso próximo. Falta dar “Boa noite” pro cara do ônibus que, tanto quanto ou até mais que você, anda exaurido do caos da vida moderna.
Vambora parar de estatizar nossas relações, que a gente é, ou deveria ser, gente de carne e osso...
Vanessa Daiany.
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